o eco
http://www.oeco.org.br/noticias/27628-comeca-a-ser-comercializado-no-brasil-calcado-sustentavel?utm_source=newsletter_55&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco
Começa a ser comercializado no Brasil calçado sustentável
http://www.oeco.org.br/noticias/27628-comeca-a-ser-comercializado-no-brasil-calcado-sustentavel?utm_source=newsletter_55&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco
Começa a ser comercializado no Brasil calçado sustentável
Nanda Melonio e Daniele Bragança - 30/09/13
Qual a relação entre tênis e dois amigos de infância que resolveram tirar um ano sabático desbravando a Amazônia? Aparentemente nenhuma além de imaginarmos que este seria o calçado mais lógico para ser usado durante a aventura. Mas, na verdade, foi logo após conhecerem a floresta amazônica que François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp decidiram lançar uma marca de tênis – e estava claro que precisava ter o menor impacto possível.
Assim nasceram os calçados eco-friendly Veja, produzidos no Rio Grande do Sul com lona de algodão biológico do Ceará e látex nativo do Acre, além de couro com curtimento ecológico (com extratos de acácia, um tanino natural não poluente). Vendidos em 14 países da Europa há 8 anos, os tênis foram lançados no mercado brasileiro neste fim de semana com o nome Vert (verde, em francês).
A empresa usa a cadeia de borracha do estado do Acre. Para isso, em 2010 foi criado o comitê gestor para a implementação de Projeto de Parceria com o Setor Empresarial (PSE), formado por associações de seringueiros, a Vert, além da WWF-Brasil, GIZ, UICN e Governo do Acre.
Quando o projeto foi criado, a empresa só usava o látex vindo da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Assis Brasil, no Acre. Agora, a empresa trabalha com 3 associações de seringueiros.
Desafio do preço justo
Um dos principais desafios do mercado eco friendly diz respeito ao preço, seja o que é pago ao produtor pela matéria-prima, seja o do produto final a ser adquirido pelo consumidor. Na verdade, é quase o dilema do ovo e da galinha: muitos consumidores não exigem produtos mais sustentáveis porque têm preço elevado, e têm preço elevado possivelmente porque não há demanda. Uma mudança neste paradigma não ocorrerá da noite pro dia, e sim através de muito trabalho de conscientização e promoção do consumo sustentável.
Com um mercado consolidado, as empresas também serão capazes de estabelecer relações comerciais de longo prazo e incrementar o preço pago ao extrativista, que por sua vez pode manter-se focado no processo produtivo, oferecendo uma matéria prima de maior qualidade. A cadeia produtiva pode, assim, tornar-se mais autônoma e auto-renovável.
O modelo de negócios da Vert é o que se chama de “desobediência comercial”, pois subverte os sistemas econômicos tradicionais de várias formas.
A empresa se recusa a seguir os preços baixos à custa dos direitos dos trabalhadores e da remuneração justa, por exemplo. Mas apesar do valor pago pela borracha e pelo algodão para a produção dos calçados ser de 30% a 100% acima do que é praticado atualmente pelo mercado, a empresa assegurou um modelo econômico funcional ao reduzir os gastos com publicidade e operar em “estoque zero” para garantir a viabilidade da marca.
Em relação ao preço pago pelo látex, por exemplo, os seringueiros usam a chamada Folha Defumada Líquida(FDL), que permite aos produtores transformar o látex em folhas de borracha dentro da floresta, sem nenhum processo industrial intermediário. Sendo assim, o produto comercializado por eles já é semi-finalizado, o que aumenta seu valor agregado e, consequentemente, gera mais renda para as populações que vivem na floresta. A tecnologia foi desenvolvida pelo professor Floriano Pastore, da Universidade de Brasília (UnB).
Os tênis Vert têm boa aceitação no mercado europeu, sendo um dos primeiros produtos fair trade a ser distribuído em lojas convencionais do ramo, ao lado de outras marcas consagradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário