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sexta-feira, julho 11, 2014

Oceanos estão se tornando uma sopa cheia de plásticos

carta maior
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/Oceanos-estao-se-tornando-uma-sopa-cheia-de-plasticos/3/31347


Oceanos estão se tornando uma sopa cheia de plásticos

Oceanos estão lentamente se tornando uma espécie de sopa cheia de partículas plásticas microscópicas, passando para cadeias alimentares de todo o mundo.


Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil
Esquerda.Net

Um estudo publicado na última semana por cientistas espanhóis no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences afirma que os oceanos estão lentamente a tornar-se uma espécie de sopa cheia de partículas plásticas microscópicas, passando para as cadeias alimentares de todo o mundo.

De acordo com a investigação, que avaliou 3.070 amostras, o problema já atingiu uma escala global, e os principais resíduos encontrados no oceano são polietileno e polipropileno, polímeros usados na fabricação de produtos como sacos plásticos, embalagens de alimentos e bebidas, utensílios de cozinha e brinquedos, entre outros.

“As correntes oceânicas carregam objetos plásticos que se quebram em fragmentos cada vez menores devido à radiação solar. Esses pedaços pequenos, conhecidos como microplásticos, podem durar centenas de anos e foram detetados em 88% da superfície oceânica analisada”, comentou Andrés Cózar, pesquisador da Universidade de Cádiz.

“Esses microplásticos têm uma influência no comportamento e na cadeia alimentar dos organismos marinhos. Por um lado, os pequenos fragmentos muitas vezes acumulam contaminantes que, se engolidos, podem ser passados aos organismos durante a digestão; sem esquecer das obstruções gastrointestinais, que são outro dos problemas mais comuns desse tipo de resíduo”, explicou Cózar.

“Por outro lado, a abundância de fragmentos plásticos flutuantes permite que muitos organismos menores naveguem neles e colonizem lugares que não teriam acesso. Mas provavelmente, a maioria dos impactos que está a ocorrer devido à poluição plástica nos oceanos ainda não é conhecida”, concluiu o cientista.

Alguns países empenhados em acabar com a proliferação dos resíduos plásticos estão a começar pelos sacos. Nos Estados Unidos, em muitos estados eles já não são utilizados, sendo substituídos por sacos reutilizáveis, biodegradáveis e de papel.

Nações insulares, como o estado de Yap, na Micronésia, que têm grande parte da sua economia baseada no turismo do mergulho e sofrem com a poluição causada pelo plástico, foram mais longe eresolveram banir o seu uso. Os comerciantes que distribuírem os famigeradas sacos terão que pagar multas de 100 dólares por violação.

A União Europa também pretende tomar medidas duras. Novas regras preveem uma redução de 80% no uso de sacos plásticos até 2019. Na França, um projeto de lei em discussão visa acabar com eles já em 2016, sendo que o país já tem uma taxa de 6 centavos de euro para cada saco utilizado pelos consumidores.

Campanha

Três de julho é o Dia Internacional Sem Sacos Plásticos, e a campanha Bag Free World, lançada neste ano para celebrar a data, ressalta o perigo que trazem à biodiversidade e ao meio ambiente.

A campanha conta com a participação de políticos e celebridades, como Joachim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e Jeremy Irons, ator britânico.

“Há zero justificações para ainda os fabricar, em qualquer lugar”, declarou Steiner no website da Bag Free World.

Já Irons afirmou que “as pessoas ainda não estão conscientes da seriedade do problema do uso de sacos plásticos. Espero que o filme Trashed [de 2012, produzido pelo ator] permita que as pessoas tenham uma visão desse problema bastante curável, mas global. [O problema] não será resolvido sem a vontade comum e política para fazê-lo.”

No site da campanha, estão disponibilizadas diversas informações sobre a utilização dos sacos plásticas e do seu impacto nos ecossistemas. Por exemplo, embora em média eles sejam usados por apenas 25 minutos, levam entre 100 e 500 anos para se desintegrarem, dependendo do tipo de plástico.

Eles também prejudicam a biodiversidade, principalmente oceânica, já que muitos animais frequentemente ingerem pedaços de sacos plásticos deitados fora, o que os faz sufocarem e morrerem. Segundo o PNUMA, entre 50% e 80% das tartarugas marinhas encontradas mortas apresentam nos seus estômagos fragmentos de sacos plásticos.

domingo, novembro 17, 2013

Emissões de CO2 pode tornar oceanos 170% mais ácidos até 2100, diz estudo

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/525700-emissoes-de-co2-pode-tornar-oceanos-170-mais-acidos-ate-2100-diz-estudo

Emissões de CO2 pode tornar oceanos 170% mais ácidos até 2100, diz estudo

Cientistas dizem acreditar que a acidificação dos oceanos irá aumentar 170% até o ano de 2100, colocando em risco a rica biodiversidade marinha, diz um novo estudo que deve ser apresentado na semana que vem na reunião da ONU sobre o Clima, que ocorre na Polônia.
A reportagem é publicada por BBC Brasil, 14-11-2013.
Em 2012 mais de 500 especialistas em acidificação dos oceanos, vindos do mundo inteiro, se reuniram na Califórnia. Liderados pelo Programa Internacional Biosfera-Geosfera, lançado em 1987 para coordenar pesquisas na área, o grupo publicou um relatório a respeito da situação dos oceanos.
No documento, chamado de Sumário para Criadores de Políticas, os cientistas declaram "com muita confiança" que o aumento na acidez é causado pelas atividades humanas, que estão adicionando 24 milhões de toneladas de CO2 nos oceanos diariamente alterando a química da água.
Segundo os cientistas, cerca de 30% das espécies marinhas não devem sobreviver nestas novas condições, que são particularmente prejudiciais aos recifes de coral.
O mesmo estudo reforçou a estimativa de que os oceanos estão ficando mais ácidos em uma velocidade sem precedentes nos últimos 300 milhões de anos, que já havia sido divulgada no ano passado em estudo publicado na revista Science.
Velocidade de mudança
Desde o início da revolução industrial, os cientistas acreditam que as águas dos oceanos ficaram 26% mais ácidas.
"Meus colegas não encontraram nos registros geológicos de velocidades de mudança maiores do que as que vimos atualmente", afirmou o professor Jean-Pierre Gattuso, da CNRS, a agência nacional de pesquisas da França.
O que preocupa os cientistas é o potencial de impacto destas mudanças em muitas espécies marinhas, incluindo os corais.
Pesquisas realizadas em fontes hidrotermais nas profundesas dos oceanos, nas quais as águas são naturalmente ácidas graças ao CO2, indicam que cerca de 30% da biodiversidade marinha poderá ser perdida até o fim deste século.
Os cientistas afirmam que as fontes podem ser uma "janela para o futuro".
"Você não encontra um molusco no nível de pH esperado para o ano de 2100, e este é um fato chocante", afirmouGattuso.
"(As fontes hidrotermais) são uma janela imperfeita, apenas a acidez do oceano está aumentando nestes lugares, eles não refletem o aquecimento que veremos neste século. Se você combinar os dois, pode ser ainda mais dramático do que vemos nestes orifícios de CO2", acrescentou.
Efeitos mais graves
O efeito da acidificação atualmente está sendo observado de forma mais grave no Mar Ártico e na região da Antártida. Estas águas geladas retêm uma quantidade maior de CO2, e os crescentes níveis do gas estão acidificando estes mares mais rapidamente do que no resto do mundo.
E isto aumenta os danos a conchas e esqueletos de organismos marinhos.
Os pesquisadores afirmaram que até 2020, 10% do Ártico será um ambiente inóspito para espécies que fazem suas conchas a partir do carbonato de cálcio. Até 2100, o Ártico todo será um ambiente hostil.
De acordo com Gattuso, os efeitos da acidificação já são visíveis.
"No oceano do sul já vemos a corrosão de pterópodes, que são como caramujos marinhos. No oceano, vemos a corrosão das conchas. Eles (os pterópodes) são elementos importantes na cadeia alimentar, consumidos por peixes, aves e baleias, então, se um elemento está desaparecendo, haverá um impacto em efeito cascata na cadeia toda", disse o cientista.
Os autores do relatório afirmam que o impacto econômico poderá ser enorme. O custo global do declínio nas populações de moluscos pode ser de US$ 130 bilhões até 2100, se as emissões de CO2 continuarem no padrão atual.
Efeito limitado
Uma possibilidade para diminuir os efeitos da acidificação seria adicionar substâncias alcalinas nas águas dos oceanos, como pedra calcária esmagada, mas, segundo Gattuso, isto teria um efeito limitado.
"Talvez em baías que tenham uma troca de água mais limitada com o mar aberto poderá funcionar, dar algum alívio local. Mas as últimas pesquisas mostram que não é prático se aplicado em escala global. É muito caro e consome muita energia", afirmou.
Áreas de proteção marinha poderiam também melhorar a situação no curto prazo.
Mas, segundo os cientistas, no longo prazo apenas os cortes nas emissões poderiam desacelerar o avanço da acidificação.

domingo, novembro 03, 2013

Os reis dos mares

fapesp
http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/10/17/os-reis-dos-mares/

Os reis dos mares

Portugueses realizaram as grandes navegações mesmo sem a melhor matemática conhecida nos séculos XV e XVI
NELDSON MARCOLIN | Edição 212 - Outubro de 2013

© LIVRO DAS ARMADAS DAS ÍNDIAS (1665)
Representação de 12 das 13 naus da armada de Pedro Álvares Cabral, que consta no Livro das armadas da Índia (1665)
Representação de 12 das 13 naus da armada de Pedro Álvares Cabral, que consta no Livro das armadas da Índia (1665)
As navegações da época dos descobrimentos, nos séculos XV e XVI, dependiam basicamente de conhecimentos astronômicos. Estes, por sua vez, eram fundados na matemática. Quando portugueses e espanhóis iniciaram a era das grandes conquistas, a matemática mais avançada não havia chegado aos reinos da península Ibérica. O que eles praticavam era baseado na aritmética, na geometria e na astronomia da Antiguidade.
A matemática começava a tomar novos rumos, especialmente na Inglaterra com os monges filósofos como Roger Bacon, Thomas Bradwardine, Guilherme de Ockham e com os estudos realizados no Merton College, escola que deu origem à Universidade de Oxford. De acordo com a historiografia do período, esse desenvolvimento ocorreu a partir de 1096 graças ao contato com a cultura muçulmana ocasionado pelas Cruzadas, o nome pelo qual as guerras de reconquista cristã contra os mouros ficaram conhecidas. Os muçulmanos haviam preservado e estudado o legado grego ao mesmo tempo que incorporaram elementos da cultura hindu.
Nos séculos XV e XVI, a astronomia usada pelos navegantes portugueses ainda tinha como base o sistema planetário criado por Ptolomeu, descrito no livro Almagesto (século II), e o trabalho de cosmografia Tratado da esfera (século XIII), do monge John de Sacrobosco, segundo o matemático Ubiratan D’Ambrosio, estudioso da história da matemática e hoje professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ambos, Ptolomeu e Sacrobosco, estavam superados se comparados ao que os ingleses já haviam escrito sobre o estudo dos movimentos.
© MARIO TADDEI ANCIENT BOOKS COLLECTION
wTratado da esfera (século XIII), de Sacrobosco, livro importante para os navegantes portugueses
Tratado da esfera (século XIII), de Sacrobosco, livro importante para os navegantes portugueses
Ainda assim os portugueses foram muito bem-sucedidos em boa parte graças às ações do infante dom Henrique no século XV. Ele foi o patrono dos descobrimentos ao estabelecer o que hoje seria chamado de estratégia de desenvolvimento científico e tecnológico na região de Sagres, com a criação de técnicas de navegação e incentivos à indústria marítima. “O desenvolvimento da caravela, navio estável, ágil, rápido e mortífero, foi um grande projeto tecnológico”, diz D’Ambrosio.
A lista de conquistas é impressionante: Ceuta foi dominada em 1415, Gil Eanes superou o cabo Bojador em 1434, Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança em 1488, Vasco da Gama abriu caminho para as Índias em 1499, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500 e Fernão de Magalhães encontrou a passagem para o oceano Pacífico em 1520. Sem contar o desembarque na América do genovês Cristóvão Colombo a serviço da Espanha em 1492.
Como tantos triunfos podem ter ocorrido mesmo com um conhecimento matemático menos avançado do que o existente no restante da Europa? “Entre os navegantes alguns conheciam astronomia prática, outros sabiam fazer cálculos e havia os que estudaram cartografia”, explica D’Ambrosio. “Mesmo rudimentar, esse conhecimento se acumulou e se organizou em Portugal e ajudou nas navegações.”
© HISTORY OF THE USA BY BENJAMIN ANDREWS
Réplicas dos navios Pinta, Nina e Santa Maria, de Colombo, em foto de 1893, nos Estados Unidos
Réplicas dos navios Pinta, Nina e Santa Maria, de Colombo, em foto de 1893, nos Estados Unidos
D’Ambrosio ressalta a diferença entre o conhecimento matemático na península Ibérica e o praticado nos demais reinos. No caso das navegações, o interesse estava voltado para a geometria. Os algarismos arábicos só foram utilizados em Portugal a partir do século XV, embora já no XII eles tenham se disseminado pela Europa por trazer mais facilidades para o comércio.
Apesar do raro intercâmbio com outros reinos, Portugal atraía personalidades que se tornaram importantes. Em 1475, Colombo encontrou em Lisboa seu irmão, o cartógrafo Bartolomeu Colombo, que vivia lá. O alemão Martin Behaím, de Nuremberg, foi à região em 1480 e introduziu a trigonometria no país. Ao voltar para sua cidade em 1492, Behaím apresentou o Erdapfel, o primeiro globo terrestre conhecido.
Para D’Ambrosio, o relativo isolamento de Portugal dos conhecimentos que circulavam na Europa se explica pelo fato de o país ter se fechado depois de expulsar os invasores mouros no século XIII. “A abertura para as informações técnicas e científicas já disponíveis só ocorreu com a grande reforma na Universidade de Coimbra, em 1772”, diz ele.